quarta-feira, 9 de maio de 2012

Famílias acusam policiais de ação violenta


Antes palco da ocupação de cerca de cem integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o antigo prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), localizado na avenida Presidente Vargas, foi interditado novamente na manhã de ontem.

Segundo o subinspetor da Guarda, Bem Hamid, antes da ocupação, as entradas do edifício já estavam fechadas por muros, porém, os manifestantes os teriam quebrado para ter acesso à parte interna do prédio. “Estamos dando apoio para fechar as entradas que eles quebraram para entrar”, disse, ao informar que os homens ficariam no local fazendo a segurança até segunda ordem. “A partir da ocupação foi feita a solicitação de retirada, onde não houve necessidade do uso de força”.

PROTESTO

Enquanto as entradas do prédio eram protegidas por homens da Guarda, em frente à Prefeitura Municipal de Belém (PMB), integrantes do MLB protestavam contra a forma como foi feita a desocupação. “A atitude de Duciomar mostra seu desprezo pela população pobre de Belém.”, lia-se no panfleto distribuído pelos manifestantes do MLB.

Com gritos de protesto e cartazes denunciando a ação da Guarda Municipal, os manifestantes marcharam da avenida Presidente Vargas em direção à sede da prefeitura de Belém, no bairro da Cidade Velha, para cobrar explicações a respeito da atitude dos policiais.

Cerca de trinta manifestantes, indignados, fizeram barulho em frente ao Palácio Antônio Lemos até que fossem atendidos por representantes da prefeitura. Agentes da Guarda Municipal e da Rotam faziam a segurança do local. “Os policiais agiram de forma arbitrária. Nós estávamos fazendo uma ocupação pacífica e eles chegaram com violência. As famílias não estavam ocupando o prédio porque queriam e sim porque precisavam. Nós não vamos admitir isso, foi uma atitude covarde”, diz Raquel Brício, uma das coordenadoras do MLB.

Maria Madalena dos Santos, 60 anos, estava entre os ocupantes do prédio. Ela afirma que os policiais não respeitaram nem os idosos. “Me empurraram pelas escadas dizendo: ‘desce sua vagabunda’, diz. Segundo os manifestantes, jatos de spray de pimenta e bombas de efeito moral foram disparadas sem necessidade em cima dos ocupantes. Um bebê de apenas dois anos teria passado mal por conta do gás e precisou ser socorrido por uma ambulância.

Em nota, a Prefeitura Municipal de Belém (PMB) informou que os representantes foram recebidos pelo chefe de gabinete da prefeitura, Oséas Silva Júnior, “para dialogar sobre a ação de ocupação e desocupação”. A nota confirma que o prédio pertencia ao INSS, mas afirma que, atualmente, “está sob tutela da Secretaria de Assuntos Jurídicos (Semaj), onde funcionará a sua sede”.

A prefeitura diz que a desocupação aconteceu sem registros de incidentes, conforme avaliação do inspetor Adailton Tavares, subcomandante da corporação. O subcomandante disse que a maioria dos ocupantes decidiu sair, mas alguns resistiram. “Limitamo-nos ao uso de gás de pimenta”, afirmou.

Na tarde de ontem, o secretário municipal de Habitação, Oswaldo Gonzaga, recebeu representantes do MLB. Ele informou que vai tentar viabilizar a inclusão dessas famílias dentro do programa Minha Casa Minha Vida. Para isso, vai realizar, até o dia 30 de junho, o cadastro de 100 famílias pertencentes ao MLB.

(Matéria publicada no Diário do Pará)

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